Bispos do regional Sul 3 emitem nota sobre a ideologia de gênero
Os bispos do regional Sul 3 da Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que abrange o estado do Rio Grande do
Sul, emitiram nota em que destacam os riscos da inclusão da ideologia de gênero
nos planos estadual e municipal de educação. O texto afirma que é necessário
cautela sobre a questão de gênero no plano de educação, uma vez que “a
ideologia de gênero sustenta que a pessoa humana é sexualmente indefinida e
indefinível”.
Segundo os bispos do regional, “como
consequência da questão de gênero, promove-se a desvalorização da família em
favor da liberdade individual, desconsidera-se a maternidade natural e o
matrimônio, e desprezam-se os valores religiosos”.
Confira a íntegra do texto:
Nota do regional Sul 3 sobre
riscos da introdução da Ideologia de Gênero nos Planos Estadual e Municipais de
Educação
O Congresso Nacional aprovou recentemente o
Plano Nacional de Educação. Os Estados e Municípios terão até o dia 24 de junho
para aprovarem os próprios planos para que as metas estabelecidas nacionalmente
sejam monitoradas e cumpridas localmente. A Assembleia Legislativa do Rio
Grande do Sul e as Câmaras Municipais estão se preparando para aprovar o Plano
Estadual e os Planos Municipais de Educação. O futuro de nosso povo depende da
qualidade da educação oferecida às nossas crianças e adolescentes.
Nesse contexto, queremos ressaltar a
importância de debatermos e nos acautelarmos sobre a questão de gênero no
âmbito do Plano Estadual de Educação e dos Planos Municipais de Educação. Há
quem pretenda assegurar e promover a diversidade de gênero, propondo consolidar
políticas públicas que defendam a igualdade e identidade de gênero.
Ora, a ideologia de gênero sustenta que a
pessoa humana é sexualmente indefinida e indefinível. Elimina-se a ideia de que
os seres humanos se dividem em homem e mulher. Para além das evidências
anatômicas, entendem que esta não é uma determinação fixa da natureza, mas
resultado de uma cultura ou de uma época. Para a ideologia de gênero o
“natural” não é tido como valor humano e é preciso superar até mesmo a
distinção da natureza masculina e feminina das pessoas. Com o intuito de
superar discriminações, desconsideram-se as diferenças. Acusa-se que as
explicações naturais são formulações ideológicas para manter determinada
posição social. Como consequência da questão de gênero, promove-se a
desvalorização da família em favor da liberdade individual, desconsidera-se a
maternidade natural e o matrimônio, e desprezam-se os valores religiosos.
Nessa conjuntura, o Papa Francisco,
questiona: “Pergunto-me, por exemplo, se a chamada teoria de gênero não é
expressão de uma frustração e resignação, com a finalidade de cancelar a
diferença sexual por não saber mais como lidar com ela. Neste caso, corremos o
risco de retroceder... A eliminação da diferença, com efeito, é um problema,
não uma solução. Para resolver seus problemas de relação, o homem e a mulher
devem dialogar mais, escutando-se, conhecendo-se e amando-se mais”
(15.04.2015).
Como Igreja, insistimos que a educação
possibilite superar as desigualdades educacionais e as discriminações, criando
redes de proteção contra as exclusões. Entretanto, o respeito às minorias não
pode impor a todo custo a desconstrução de valores consagrados em âmbito
familiar. Também não se pode desconsiderar aspectos biológicos e psicológicos
naturais. O ser humano nasce masculino ou feminino, nisso se expressa sua
identidade! A diferença homem e mulher não pode ser considerada um fato
meramente social; é sobretudo dado biológico, originário da própria natureza. A
partir da perspectiva da fé judaico-cristã sabemos que Deus criou o ser humano,
homem e mulher (Gn 1, 27). A questão que se impõe é: Qual é o objetivo dos que
defendem tal ideologia? Que modelo de sociedade os orienta? O que se propõe
como possível futuro para a sociedade?
A ideologia de gênero representa uma
distorção completa ao conceito de homem e mulher. Não é possível que esta
ressignificação antropológica tenha um reconhecimento oficial. Tenha-se
presente ainda que o Plano Nacional de Educação não faz menção à adoção da
promoção da identidade de gênero como diretriz geral a ser adotada na educação
nacional. Além do mais, não é dado aos Estados e Municípios dispor em sentido
contrário ao Plano Nacional de Educação.
O que se questiona é o fato de querer impor
ao Estado a tarefa de estimular educacionalmente as crianças para que refreiem
suas disposições biológicas em nome de teorias sociológicas, não consensuais e
sem suficiente base científica. Certamente cada pessoa, no momento oportuno de
seu desenvolvimento biológico-emocional, no âmbito de seu núcleo social
fundamental – a própria família – vai tratar da orientação sexual e não da
classificação de sua identidade sexual. Os pais têm autoridade primordial sobre
seus filhos em matéria de educação, principalmente em temas de moral e
sexualidade.
Fazemos votos que os que foram escolhidos
pelo povo para lhes representar neste espaço onde se considera sempre o bem
comum, possam agir como estadistas; ou seja, como homens e mulheres públicas
que pensam nas novas gerações.
Dom Jaime Spengler
Presidente do Regional Sul 3 da CNBB
Dom José Gislon
Vice-Presidente do Regional Sul 3 da CNBB
Dom Remidio José Bohn
Secretário do Regional Sul 3 da CNBB
Presidente do Regional Sul 3 da CNBB
Dom José Gislon
Vice-Presidente do Regional Sul 3 da CNBB
Dom Remidio José Bohn
Secretário do Regional Sul 3 da CNBB
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